ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 07-11-2003.

 


Aos sete dias do mês de novembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dez horas e vinte e nove minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Pedro Jorge Simon, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 108/92 (Processo nº 1311/92), de autoria do ex-Vereador Clóvis Brum. Compuseram a MESA: o Vereador João Antonio Dib, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor João Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Deputado Estadual Vieira da Cunha, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Antonio Carlos Avelar Bastos, representante da Procuradoria-Geral da Justiça; a Senhora Maria Hilda Pinto, representante da Procuradoria Regional da República da 4ª Região; o Senador Romeu Tuma; os Deputados Federais Cezar Schirmer e Mendes Ribeiro Filho; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Senhor Pedro Jorge Simon, Homenageado; o Vereador Ervino Besson, 2º Secretário deste Legislativo. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional Brasileiro. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Clóvis Brum, ex-Vereador desta Câmara e proponente do Título hoje entregue, que discorreu sobre a importância do Senhor Pedro Jorge Simon para a construção da história recente brasileira, afirmando ser esse político “o grande comandante da resistência democrática no Rio Grande do Sul e um dos pilares da resistência em nível nacional”, tendo sempre marcado sua atuação por uma filosofia em que se destacou a busca do diálogo, a lealdade, o companheirismo, a brandura e a amizade. Após, o Senhor Presidente informou que o Senhor João Verle se ausentaria da presente solenidade, face a compromissos anteriormente assumidos e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PP, historiando a trajetória política seguida pelo Homenageado, lembrou encontros com ele mantidos em momentos representativos da história do Brasil e do Rio Grande do Sul. Ainda, ressaltou opções feitas pelo Senhor Pedro Jorge Simon em defesa da ética, da fé religiosa e da dignidade política e pessoal, relatando apoio recebido de Sua Excelência durante a década de setenta, quando ambos atuavam como Deputados Estaduais. O Vereador Sebastião Melo, em nome das Bancadas do PMDB, PFL e PPS, declarando que o Senhor Pedro Jorge Simon sempre esteve ao lado dos humildes e da boa luta política, salientou que o Título hoje entregue representa o reconhecimento dos porto-alegrenses a uma vida dedicada à busca do melhor para a Cidade. Finalizando, ressaltou ser o Homenageado verdadeira instituição da nossa política, tendo como marca a honestidade e a transparência na vida pública. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, teceu considerações acerca da História brasileira, destacando que o Senhor Pedro Jorge Simon participou dos principais movimentos de defesa da liberdade humana, sendo presença fundamental para a conquista da redemocratização do Brasil. Nesse sentido, mencionou que hoje a Cidade resgata um pouco dessa história, expressando seu agradecimento a uma trajetória de luta e de amor à causa pública. A Vereadora Margarete Moraes, em nome da Bancada do PT, afirmou que o Homenageado sempre colocou sua voz e sua coragem em favor da luta pela abertura política e pela democracia do País, relatando situação vivenciada em mil novecentos e setenta e um, quando se dirigiu a Porto Alegre para tentar localizar quatro estudantes desaparecidos e recebeu, na ocasião, a ajuda dos então Deputados Pedro Simon e Pedro Américo Leal, o que viabilizou a localização dos estudantes. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Germano Rigotto, que registrou a presença de grande número de personalidades gaúchas, das mais diversas áreas, declarando que a presença de Suas Senhorias expressa o aplauso e o agradecimento do povo rio-grandense ao Senhor Pedro Jorge Simon, que considera exemplo de homem público, de político cuja trabalho representa um incentivo à comunidade, sendo embasado em conceitos como ética, honestidade, garra, determinação e competência. Após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, procedeu a reflexões acerca da abrangência da obra do Senhor Pedro Jorge Simon, louvando sua opção por uma vida centrada na profunda fé religiosa e na busca do diálogo e do bem comum. Sobre o assunto, lembrou a participação do Homenageado na implantação do Pólo Petroquímico gaúcho, do Fundo de Investimento do Programa Integrado de Melhoria Social – FUNDOPIMES – e do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL. O Vereador Raul Carrion, em nome da Bancada do PcdoB, discorreu sobre o caminho percorrido pelo Homenageado desde o início de sua atuação pública, como líder estudantil, até a eleição como Senador da República, afirmando que a pluralidade das manifestações hoje efetuadas nesta Casa atesta a confiança que o Senhor Pedro Jorge Simon soube conquistar junto ao povo gaúcho, por meio de uma participação ativa nos movimentos em defesa da soberania nacional e em prol dos direitos humanos. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, afirmou que, como ex-Presidente do Grupo Hospitalar Conceição, testemunhou contatos mantidos com o Senhor Pedro Jorge Simon na busca de recursos extra-orçamentários para a área da saúde pública, citando que o Homenageado esteve permanentemente ao lado do Rio Grande do Sul nas causas que objetivassem uma maior dignidade e melhor qualidade de vida à população, em especial às comunidades mais carentes. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou as Senhoras Hilda Simon Cola e Salem Simon para procederem à entrega da Medalha, e o Senador Romeu Tuma, para proceder à entrega do Diploma, ambos referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, ao Senhor Pedro Jorge Simon, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às doze horas e trinta e três minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Antonio Dib e secretariados pelo Vereador Ervino Besson, 2º Secretário. Do que eu, Ervino Besson, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Estão abertos os trabalhos destinados a outorgar o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senador Pedro Jorge Simon. Compõem a Mesa os Srs. Germano Rigotto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o homenageado, Senador Pedro Jorge Simon; o Deputado Vieira da Cunha, representando a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis, representante do Tribunal de Justiça do Estado; o Dr. Antonio Carlos Avelar Bastos, representante da Procuradoria-Geral de Justiça; o Prefeito Municipal, Dr. João Verle; a Dra. Maria Hilda Pinto, Procuradora-Geral da República da 4ª Região; o Senador Romeu Tuma. Cumprimento a presença dos Srs. Deputados Federais Cezar Schirmer e Mendes Ribeiro - que foi Vereador nesta Casa -, e em nome de ambos, cumprimento todos os Deputados Federais; o Deputado Vieira da Cunha, em nome de quem saúdo todos os demais Deputados Estaduais; o Dr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, senhores representantes do corpo consular, representantes da imprensa, minhas senhoras e meus senhores. Desejaria dizer, antes de começar a Sessão, que a vida nos traz estranhos caminhos, diferentes companheiros de viagem, mas geralmente bons companheiros de viagem. Um dia, um casal saiu de Kfour El Arab, Jorge e Jalila; logo depois, um outro casal, Júlia e Antônio saíram de lá, e terminaram em Caxias, e as coisas foram acontecendo.

O dia 02 de setembro de 1944 ficou marcado para mim porque surpreendeu o Ginásio do Carmo, de onde a vida trouxe o Governador, o Senador e o Presidente da Câmara. O jovem Pedro Simon fazia o seu primeiro pronunciamento público. Era tímido, mas tinha um entusiasmo na sua voz que fazia antever que seria um grande orador. Mas eu tenho certeza de que nem os nossos pais, nem nós, aqui, imaginávamos que um dia estaríamos sentados na mesma mesa para que Pedro Jorge Simon fosse homenageado pelo povo de Porto Alegre, tendo na presença dois outros ginasianos do Ginásio do Carmo e, naquele dia, eu disse que o Ginásio do Carmo viu que Pedro Simon seria um grande orador, porque, antes dele, foram oradores do Ginásio nada menos do que José Paulo Bisol e Josué Falla, dois oradores excelentes, e nós, quando vimos o Pedro tão aparentemente tímido, e, quando soltou a sua voz, nós sabíamos que aí vinha um grande orador.

Por isso que eu disse, antes de iniciar a Sessão, que eu diria qualquer coisa.

Neste momento, convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Ouve-se o Hino Nacional.)

 

Convido, a fazer uso da palavra, o Sr. Clóvis Brum, ex-Vereador desta Casa, que propôs o Título ora outorgado.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Já vão mais de treze longos anos que eu estava ausente desta Casa, que, hoje, traz ao seu aconchego, num dos momentos mais importantes da minha modesta vida pública, ou seja, o momento de entregar um Título, de resgatar uma homenagem desta Capital, desta Cidade, a um de seus mais ilustres filhos - filhos do Estado do Rio Grande do Sul -, ao ilustre Vereador de Caxias do Sul, Deputado Estadual, Senador, Governador, Ministro; e, inquestionavelmente, eu preciso registrar, aquele homem que, como os pássaros que se orientam no meio das tempestades, foi o grande comandante da resistência democrática no Estado do Rio Grande do Sul e um dos pilares da resistência em nível nacional! (Palmas.)

Nos nossos acertos e nos nossos desacertos, nas nossas coisas boas e nos nossos equívocos, quis Deus me iluminar, para que pudéssemos oferecer ao Senador Pedro Simon uma homenagem – não só dos seus companheiros de Partido. Não! Mas uma homenagem de todos os segmentos sociais do Estado do Rio Grande do Sul representados nesta Casa e pelas autoridades; autoridades que nos dão o carinho da sua presença. Quis Deus, na sua infinita bondade, Senador Pedro Simon, que fosse eu que assinasse esse Projeto de Lei e que contasse com o apoio unânime desta Casa. Os Vereadores desta Casa – muito mais do que eu – são os autores desta merecida homenagem.

Senador Pedro Simon, lealdade, companheirismo, brandura, amizade, diálogo, foram e continuarão sendo as suas grandes virtudes. Obrigado por poder homenageá-lo, Senador. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Sua Excelência o Sr. Prefeito Municipal, tendo que receber um Ministro, para tratar problemas de interesse social da Cidade - vai recebê-lo às onze horas -, está pedindo escusas e se retira neste momento.

O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Amigos que chegam a esta Casa para homenagear este homem que, comigo, naquela época em lados opostos, viveu momentos significativos. Pedro Simon, velho companheiro, falo em nome da minha Bancada, da qual sou Líder, do Presidente da Câmara, João Antonio Dib, também em nome dos Vereadores João Carlos Nedel e Beto Moesch. Reencontramo-nos, afinal, e lá se vão mais de 3 décadas. Em plenário, outra vez em plenário... Sempre nos encontramos em plenário, onde nos conhecemos; eu, militar; Vossa Excelência, civil; eu, Deputado, Vossa Excelência também.

O destino, fazedor de novelas, revive hoje acontecimentos de uma época, parte da História do Brasil e do Rio Grande, que nós dois não podemos negar, Senador Pedro Simon, cada um viveu a seu modo. Não tenho nada que justificar; Vossa Excelência também não tem. Cumprimos, assim, trajetórias de vida. Vossa Excelência inclinado pelo mundo das leis, notável orador, tribuno emocional, intercalando momentos inflamados de oratória arrebatada a trechos de placidez, sempre preferiu o Legislativo ao Executivo. Atrevo-me a dizer isto: sempre preferiu o Legislativo ao Executivo. Atrevo-me a dizer isso.

Eu, um velho soldado, com reduzida fé na democracia sem autoridade - esta que está aí, sem autoridade alguma -, procuro, por conta, dar um recado democrático numa democracia em que busco acreditar, faço força para acreditar usando a tribuna da representação popular. Se o Executivo me foi negado, Vossa Excelência há de saber por quê. Faço esta pausa. Vossa Excelência vocacionado para legislador, foi Governador, hoje é Senador, seguiu pelo caminho de Compostela, de cajado na mão, pregando a decência - eu tenho-lhe observado -, o amor ao próprio, o devotamento ao serviço público, se despojando das vantagens pecuniárias; Vossa Excelência rejeita as vantagens a que tem direito! Não vou-me estender.

Seguidor da Ordem Terceira de São Francisco, se a vida lhe deu trambolhões, e deu, V. Exa. os aceitou com humildade, humildade de monge, apoiado sempre no cajado da fé – o Padre Florindo deve estar por aí -, “e sempre, apesar da lonjura...” V. Exa. conhece esse terceto dos caminhadores de Compostela: “E sempre, apesar da lonjura,/ Caminhante, caminhante,/ Como pesar, teu instante?”

Em 1970, na Assembléia Legislativa, éramos moços, vivíamos épocas revolucionárias de desencontros e desconfianças, idéias e posições sempre em confronto! V. Exa. liderando a oposição, e nós, eu, a situação. Eram ARENA e MDB, 55 Deputados, e que Deputados! Algumas passagens daquele período turbulento de que somos únicos sobreviventes na vida atual, em exercício de função, vivemos com enorme compreensão humana. Passarinho se foi, ouvi-o hoje pela Rádio Gaúcha. V. Exa. e Carlos Gastal, Deputado de Pelotas, vieram a mim, certa feita, e apresentaram a ânsia de que pais e mães pudessem localizar sus filhos na temível Operação Bandeirante – ORBAN -, em São Paulo. Isso dito, simplesmente representava o intrincado trabalho, onde criaturas perdidas em aparelhos e prisões tinham de ser localizadas pelos pais – que por anos e anos não as viam - ao telefone. Significava ouvir a voz de um filho ou de uma filha – eu tenho 7 -, até mesmo de um pai ausente durante anos. “Ele está vivo!” “Ela está viva!” É o que nós ouvíamos pelo telefone, lembras, Pedro Simon? Não posso te tratar de outra maneira. Fizemos juntos, e não nos arrependemos, a emancipação dos municípios; a caravana que partiu do Rio Grande e foi a Brasília - Siqueira Campos andava nela; a presença do grande Golbery, meu querido amigo - proclamo isso a todos! -, a maior inteligência que conheci em toda a minha vida!

Quando, no Plenário, soubemos, uma vez, que a Sra. Neuza Goulart havia vindo, incógnita, de automóvel - um fusca, diga-se de passagem -, lá do Uruguai, em busca de um filho, não sei por que, e, ao embarcar de avião, no Aeroporto Salgado Filho, fora identificada pela Polícia Federal. Não preciso dizer as conseqüências! Vossa Excelência outra vez tomou posição. Nossa interferência à ação do Coronel Sólon... Não cabe no momento reviver uma história que me nego a escrever.

Mas o que estou fazendo nesta homenagem de iniciativa do Ver. Clóvis Brum?

É que lá na caserna, de onde eu vim, meu querido amigo Senador Pedro Simon, não ganhamos nada, tudo é pago; cada peça de roupa nos é paga. Venho resgatar aqui uma dívida de gratidão. No dia em que delegados, promotores e juízes montaram uma trama - V. Exa. se lembra disso? Abana com a cabeça que sim - contra mim, com denúncias contraditórias, duas denúncias que surpreenderam o competente advogado Nei Moura, que foram ter à alta corte dos Desembargadores, Vossa Excelência, meu adversário, por instinto e por confiança, postou-se na tribuna várias vezes, e, como Líder da oposição, o que era patético, no momento! Vamos reviver os anos 70, para entender. Vossa Excelência, Líder da oposição, Líder do MDB, me defendeu. Eu lhe sou muito grato. Foi uma surpresa e novidade! (Palmas.) Quando vários do Partido não deram um passo à frente, V. Exa. deu! Foi uma bofetada política! Um adversário político tomando posição para um outro adversário...! Patético! Em pleno regime militar. Causou espanto, colocar e defender o adversário ideológico em época de desconfiança e de revanches. Esse homem fez isso!

Mais do que pagar uma dívida, venho aqui, hoje, reverenciar um homem de bem. Pois, como digo sempre: os amigos não fazem e nem retribuem favores, prestam serviços. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o PMDB, do PFL e do PPS.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu quero estender a minha saudação a todos os amigos e familiares do Senador Pedro Simon. Eu vejo muitos aqui: filhos, irmão, amigos dos amigos, dezenas de companheiros do nosso velho MDB de guerra.

Quero, inicialmente, cumprimentar o sempre Vereador desta Casa, ex-Vereador Clóvis Brum, que teve a iniciativa e que foi acolhida pelo conjunto desta Casa, Senador, neste momento em que se desarquiva este Processo e é outorgado este título a Vossa Excelência.

Eu quero começar a fala, Senador Pedro Simon, relembrando, aqui, o escritor americano, William Faulkner, que disse certa vez que entre a dor e o nada ele preferia a dor. E a vida do Simon é uma vida de dor. É a dor na família e é a dor na vida pública, porque o Simon sempre esteve ao lado dos humildes e da boa luta do nosso País. (Palmas.)

É difícil, Presidente, neste espaço curto de tempo, falar da história de Pedro Jorge Simon. Eu poderia falar do Simon, da sua história de País, de Estado, mas, como nós o estamos homenageando – e, quando esta Casa outorga um título de Cidadão de Porto Alegre, é uma homenagem que a Cidade presta ao cidadão que tanto fez pela sua Cidade -, eu fui buscar, Simon... Não era preciso, apenas rememorei tantas caminhadas.

Ontem eu caminhava pelo Centro e lembrava desta homenagem. Eu olhava para a Casa de Cultura Mário Quintana e via que aquilo era uma obra do Governo do Estado sob a sua liderança. Eu andava mais um pouco, Governador Germano Rigotto, e enxergava a Usina do Gasômetro. Lembro que, no início do Governo Olívio Dutra, quando ele se elegeu para a Prefeitura de Porto Alegre, em 1988, foi o aporte financeiro do Governo do Estado - e essa é a marca do Simon, que sempre foi respeitado pelos adversários e sempre governou para o Rio Grande, olhando o que era bom para o seu País e para o seu Estado -, do Governo do Pedro Simon que deu início à recuperação da Usina do Gasômetro.

Se eu vou à Zona Norte, Presidente Mendes Ribeiro, enxergo aquela obra magnífica do eixo da Av. Baltazar de Oliveira Garcia, o Centro Vida, que também foi inspirada no Governo democrático do Pedro Simon, de 1986 a 1990.

Eu poderia falar de tantas outras coisas. Eu poderia falar do Fundo PIMES que, hoje, é uma realidade nesta Cidade, que tanto contribuiu para fazer obras extraordinárias desta Cidade e que foi concebido, também, nesse Governo. (Palmas.)

Eu poderia, meus amigos, dizer, Governador Rigotto, que o sonho do Mercosul, que ainda falta muito para chegar, foi sob a liderança do Senador Pedro Simon que se começou as grandes negociações, essa grande caminhada, não de uma integração econômica, mas de uma integração cultural e também econômica.

Nós poderíamos falar de tantas e tantas coisas, que, evidentemente, neste momento, eu tenho de destacar algumas. Eu me lembro, Senador, da nossa Esquina Democrática, da Esquina Democrática que Simon, Ulysses Guimarães e tantos outros, resistindo ao “tacão da ditadura”, fizeram com que ela, hoje, seja um referencial da democracia brasileira, gaúcha e porto-alegrense. (Palmas.)

Eu poderia dizer, Simon, que, com chuva, sem chuva, com vento ou sem vento, é aquele que nos lidera na carta-testamento, junto com o PDT, junto com o PTB e as forças progressistas neste País, reverenciando àquele que foi e continua sendo o maior líder desta história, Getúlio Vargas. (Palmas.)

Por isso, Senador Pedro Simon, o senhor é mais do que um Senador, o senhor é mais do que um líder partidário, o senhor é uma instituição da política brasileira. (Palmas.)

Simon, quando este País, ao longo desses anos, mergulhado num mar de lama de corrupções, entre tantas virtudes que destacamos de Simon, é um homem de quem podem não gostar, podem não gostar do seu jeito, da sua fala, da sua maneira, das suas posições, mas ninguém será capaz de dizer, no Brasil e no mundo, que esse homem tem uma mácula de corrupção, porque tem como marco da sua política a honestidade, a transparência na vida pública. (Palmas.)

Por isso, Senador, eu quero, aqui, encerrando, dizer que, às vezes, Presidente João Antonio Dib, nesta Casa eu vejo o tom das homenagens, que se faz homenagem para final de carreira; o Simon não está em final de carreira, está começando, está mais jovem do que nunca, e está numa grande caminhada. (Palmas.)

Por isso, Simon, a luta continua, a caminhada do velho PMDB de guerra é mais presente do que nunca, porque o País que sonhamos e que queremos é um País que vamos continuar defendendo, em que haja mais justiça social e que democracia não seja só direito a votar, mas o direito a ter uma vida digna! E essa é a nossa luta, é a tua luta e a luta de todos aqueles que querem, efetivamente, traduzir um País, uma Pátria e um mundo melhor.

Um abraço a todos, Senador, ao senhor, aos filhos, às irmãs, à esposa, aos companheiros, aos Vereadores, especialmente ao Clóvis e a todos que, aqui, engrandecem esta homenagem. Muito obrigado, Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra e falará pelo Partido Trabalhista Brasileiro.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em especial, saúdo o Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Germano Rigotto, a quem cumprimento pela luta e pela garra que tem tido na direção e nos destinos do nosso Estado. Prezado amigo homenageado, comandante, Senador Pedro Simon.

Terminada a Guerra Mundial, um pai, com o seu filho à mão, estava diante de um grande painel que se fez, rememorando os acontecimentos que se deram, e o menino perguntava ao pai: “Pai, onde tu estavas ali?” Naquela situação que fotografava os graves acontecimentos da guerra, insistia na pergunta. E o pai disse: “Meu filho, eu estava ali na defesa da liberdade, na defesa das instituições, na defesa da democracia. Eu resisti!” Pois bem, se nós voltarmos os olhares à história recente, nós todos aqui e todos que nos ouvirem haverão de dizer: o Simon estava ali. Ele estava exatamente ali, defendendo a liberdade, a democracia, as instituições.

Então, meu caro Senador Pedro Simon, eu que sou um remanescente - o meu primeiro mandato de Vereador foi exatamente no velho PMDB de guerra - tive o privilégio de acompanhar, nos meus limites, a luta, a garra dessa grande figura do Estado, da República, que é o Senador Pedro Simon.

Homem a quem o Estado e a nova democracia muito devem, porque - dizia ao Ver. Pedro Américo Leal - a história seria insossa se não houvesse os temperos dos acontecimentos e da crise. E esses acontecimentos, num determinado momento da vida brasileira, é que fizeram com que hoje, nós aqui reunidos, pudéssemos refletir sobre a nossa própria história. E o historiador do futuro, Senador Pedro Simon, quando de pena, caneta e papel na mão escrever a história de um determinado período da história brasileira, em especial da história gaúcha, vai-se deparar com uma grande figura, que imantou, cuja presença foi fundamental para a redemocratização, estará exatamente com esta figura eloqüente, vibrante, que é a do Senador Pedro Simon. Por isso, meu caro proponente, Ver. Clóvis Brum, hoje, a Cidade resgata; sim, resgata. E, quando o Vereador fala e quando a Casa fala, quem está falando é a Cidade, e quem quer agradecer não são os Vereadores, não é este Vereador: é a cidade de Porto Alegre que quer agradecer ao Senador Pedro Simon por essa sua trajetória magnífica de luta, de amor à causa pública. Então, que momento extraordinário é este em que temos todos, aqui, a oportunidade, na presença de tantas figuras, de saudar esse homem! Já foi destacado pelo Ver. Sebastião Melo, um jovem, um homem que tem uma trajetória de mais de 40 anos e, a cada mandato, se renova o seu espírito de luta, de fé, de crença no amanhã.

Senhores e senhoras, dificilmente um gaúcho ainda não votou no Senador Pedro Simon, tal a sua carreira. É um homem que, desde antes de 1964, foi Vereador, em Caxias do Sul, e hoje de manhã quando colocava na lapela, Senador, aqui, o PTB, me lembrava de V. Exa., que foi Vereador por Caxias do Sul; e, dali para frente, foi um rosário de vitórias e de mandatos. Sempre na vida pública, sempre com respaldo popular, sempre trazido a administrar pelo mandato popular, passou por todos os cargos do Estado. Está preparado! É um homem pronto! É um homem que reúne todas as experiências para as postulações, as mais altas da República; sim, as mais altas da República! E é do Rio Grande, Senador Romeu Tuma. (Palmas.) Nenhum bairrismo nesta colocação, mas é um dos herdeiros, é um dos sucessores dessa cepa de Getúlio Vargas, o imortal Getúlio Vargas, aqui já mencionado.

Então, o nosso tempo é findo, e nós temos que encerrar, não sem antes dizer que é um momento extremamente gratificante, bonito, belo, Senador, para a cidade de Porto Alegre, para a sua história. Sua história, que V. Exa. comandou num período extraordinário e difícil. O MDB, sob o comando do Senador Pedro Simon, se transformou, aqui, no exílio das idéias. As idéias e a inconformidade tinham no MDB o seu espaço. Era o MDB uma verdadeira casamata a se defender daqueles momentos difíceis, e, à frente de toda essa trajetória estava esta figura magnífica, louvável sob todos os títulos, que é o Senador Pedro Simon.

Portanto, fica aqui a homenagem do Partido Trabalhista Brasileiro, de reconhecimento à sua extraordinária figura, homem que pode ser analisado sob qualquer aspecto, no plano pessoal e no plano político. Só vão encontrar nele virtudes e predicamentos.

Portanto, Senador, esta homenagem e este reconhecimento os faz a Cidade de Porto Alegre, percorrida por V. Exa. durante grande parte de sua vida. V. Exa. conhece todos os caminhos aqui da nossa Cidade.

É V. Exa., a partir de hoje, integrante do Conselho de Cidadãos de Porto Alegre, que eu reputo o Conselho mais importante da cidade de Porto Alegre, porque esse Conselho é escolhido pela vontade da cidade de Porto Alegre, por intermédio dos seus Vereadores quando concede o Título de Cidadania.

É o mais recente Cidadão de Porto Alegre, embora o ato tenha o efeito de ratificação, porque o Senador Pedro Simon, de há muito e de há muito, pelo que fez no campo político e no campo administrativo, muito fez para o desenvolvimento da nossa Cidade, para o desenvolvimento do nosso Estado, e tem muito a dar, porque está exatamente no calor do seu amadurecimento, com a juventude que carrega e que se renova a cada mandato que obtém. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Ver.ª Margarete Moraes está com a palavra para falar em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero dizer, em primeiro lugar, que não sou muito afeita a me manifestar a partir de uma experiência pessoal, de uma experiência particular, mas, neste caso, inspirada pela fala do meu colega Vereador Pedro Américo Leal, quero expressar uma situação que aconteceu comigo, em 1971, em Santa Maria, e, apesar de ser muito sintética, creio que expressa muito do significado político do Senador Pedro Simon para a história do Rio Grande do Sul e para a história do Brasil.

Pois, precisamente, em 1971, em plenos anos de chumbo, sendo universitária na cidade de Santa Maria, contemporânea de Cezar Schirmer, tendo desaparecido quatro companheiros naquela cidade, junto com outra colega e amiga, dirigimo-nos a Porto Alegre com o intuito absoluto de localizar esses companheiros, porque sabíamos do significado dessa idéia, dessa situação. E depois de muitas portas fechadas, Ver. Pedro Américo Leal, buscamos a Assembléia Legislativa, o nosso Deputado da Região de Caçapava, Dr. Velasques, que nos contatou com o Deputado Pedro Simon, que, imediatamente, colocada a situação, procurou o então Deputado Pedro Américo Leal, e, depois de tratativas, que duraram uma tarde, foram localizados esses companheiros no DOPS, para nosso alívio. Localizados oficialmente e, a partir daí, com garantias e com direitos possíveis naquela conjuntura tão dramática em que vivíamos.

Eu creio que essa é uma passagem, um episódio muito pequeno, que o Senador e o nosso Vereador não lembram, depois de mais de 30 anos, mas que certamente ilustra a importância, o bem - no sentido literal dessa palavra -, o legado de um novo padrão de ética, de coragem que a trajetória exemplar do Senador já gravou, já marcou para esta e para as próximas gerações do nosso País. (Palmas.)

Nos tempos mais difíceis da ditadura, quando nós andávamos no fio da navalha, Pedro Simon colocou todo o seu talento, toda a sua habilidade, toda a sua firmeza, seu coração e sua mente ocupando todos os espaços institucionais e também os espaços alternativos e colocou a sua coragem e a sua voz - que se transformou numa voz muito poderosa - para todos aqueles que lutavam a favor da abertura política e democrática no Brasil.

Depois, ao lado do Senador Teotônio Vilella, secundados pela maioria do povo brasileiro, pelos artistas, pelos nossos intelectuais, pelos músicos, principalmente - quero lembrar aqui de João Bosco e Aldir Blanc, O Bêbado e A Equilibrista na voz da nossa Elis Regina -, pelos cartunistas sobretudo os humoristas simbolizados na figura do Henfil, incansavelmente percorreram o Brasil em todos os seus quadrantes, num movimento cívico nacional em favor da Anistia, em primeiro lugar, e depois em favor das Diretas - campanhas cívicas, como eu disse - que já entraram, Deputada, companheira Jussara Cony, para a história do nosso País.

Portanto, seja na condição de Vereador, de Deputado, Governador, Ministro, Senador ou de Cidadão de Porto Alegre - o que é uma honra para a nossa Cidade -, Pedro Simon pode ser considerado, sem nenhuma sombra de dúvida, como um patrimônio. (Palmas.) Um patrimônio do Rio Grande do Sul, Governador Germano, que supera o PMDB, supera o seu Partido, que transpõe partidos e ideologias, isso há muito tempo, mas que eu creio que hoje assume outro patamar, em um momento de esperança, de mudança e de concerto nacional levados pelo nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E um patrimônio, todos nós sabemos, requer cuidado, preservação, respeito, carinho e cuidados especiais. Portanto, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores do PT - a qual eu tenho orgulho de representar nesse momento -, eu quero saudar a Mesa, o Ver. João Antonio Dib, pela densidade deste encontro ecumênico, porque é uma honra para a cidade de Porto Alegre contar com o Senador Pedro Simon como seu Cidadão. Porque como já nos ensinou Barbosa Lessa: “O pago tem a ver com o coração”. Muito obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Um governante diligente e responsável não é dono do seu tempo. E o nosso Governador tem outras responsabilidades, mas não quer deixar esta Sessão sem fazer a sua saudação. E a Casa sente-se profundamente honrada por ter um Governador do Estado na tribuna do povo de Porto Alegre.

O Governador Germano Rigotto está com a palavra.

 

O SR. GERMANO RIGOTTO: Gostaria de cumprimentar a todos, e pedir desculpas ao Sr. Presidente João Antonio Dib e aos Srs. Vereadores, inclusive aos que vão ocupar a tribuna, mas, como disse o Presidente João Antonio Dib, eu tinha compromissos agendados, pois acreditava que a Sessão não se prolongasse tanto. Mas fico muito feliz por estar aqui. Quero cumprimentar na pessoa do Presidente, Ver. João Dib, todos os Srs. Vereadores da nossa Câmara Municipal de Porto Alegre, cumprimentá-los pela iniciativa, cumprimentá-los pela importância desta Sessão. E da mesma forma quero dizer que fico muito honrado em ocupar esta tribuna, Ver. João Dib, pela primeira vez como Governador do Estado; provavelmente é pela segunda ou terceira vez que nós ocupamos esta tribuna, mas em outras vezes não em uma Sessão Solene, não numa Sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

Quero dizer da alegria de estar aqui para homenagear essa figura, e eu uso as palavras da Ver.ª Margarete Moraes, Vereadora do Partido dos Trabalhadores, quando ela diz o que representa V. Exa., Senador Pedro Simon, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil. Quem disse foi a Ver.ª Margarete Moraes, e ela repetiu o que os Vereadores que a antecederam disseram, e ela, com certeza, se antecipou aos que vão ocupar a tribuna e também vão dizer. Nós estamos homenageando a Câmara de Vereadores de Porto Alegre - que acredito que faz uma homenagem que é do Rio Grande do Sul -, a um patrimônio do nosso País, que é o Senador Pedro Simon! (Palmas.)

Eu fico feliz por estar aqui cumprimentando o nosso representante da Assembléia Legislativa, Dep. Vieira da Cunha; cumprimentando os Srs. Deputados, vejo o Líder da nossa Bancada na Assembléia, Deputado Fernando Záchia; vejo a Deputada Jussara Cony, aniversariante do dia; (Palmas.) vejo os nossos representantes dos Poderes e o nosso representante da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador José Carlos Teixeira Giorgis; da mesma forma, o representante da Procuradoria-Geral da Justiça, nosso Dr. Antonio Carlos Avelar Bastos; o nosso Senador, amigo de tantas lutas, Senador da República, Romeu Tuma - que nos honra com sua presença no Estado e aqui na Câmara de Vereadores; os Deputados Federais, Presidente do nosso Partido no Estado do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer; prezado Deputado Federal Mendes Ribeiro Filho; Senhora Procuradora-Geral da República da 4ª Região, Maria Hilda Pinto; a Reitora da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora Wrana Panizzi; Sr. representante do Tribunal de Contas, ex-colega de Assembléia, Conselheiro Porfírio Peixoto; Sr. Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Sr. Geraldo Stédile; cumprimento a nossa Procuradora-Geral do Estado, Dra. Helena Maria Coelho; os nossos secretários de Estado aqui presentes: Luis Roberto Ponte, Odacir Klein, João Carlos Brum Torres, Kalil Sehbe Neto, Vulmar Leite; Pedro Bisch Neto, Secretário Substituto da Casa Civil; nosso Chefe da Casa Militar, Cel. Osório, eu gostaria de citar todos, presidentes das nossas estatais, das nossas autarquias, das vinculadas tanto do Estado como da União e do Município aqui presentes; Sr. Defensor Público do Estado, Luiz Alfredo Schütz; Sr. representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre, Capitão-de-Fragata Carlos Alberto Vargas Martins; Sr. Representante do V COMAR, Cel. Irani Siqueira; Sr. Vereador Clóvis Brum, na verdade ex-Vereador de Porto Alegre, que tomou a iniciativa para que tivéssemos esta Sessão Solene e o Título de Cidadão de Porto Alegre outorgado ao Senador Pedro Simon; senhores representantes de entidades civis, entidades de classe, todas as autoridades civis e militares, senhores e senhoras e representantes da imprensa.

O que eu posso dizer do Senador Pedro Simon como seu companheiro, como seu amigo, como uma pessoa que sempre disse que o senhor é um farol a iluminar aqueles que estão na vida pública? Foi muita coisa dita que eu gostaria de repetir. Começou quando nós tivemos, com a palavra do nosso ex-Vereador Clóvis Brum, que disse que o senhor era um exemplo de uma pessoa leal, de uma pessoa companheira, de uma pessoa que tinha diálogo como forma de agir e de buscar permanentemente o diálogo, inclusive com os que pensam diferente do senhor. Mas, se essas características – a determinação, a visão, a lealdade, o diálogo, o companheirismo – marcaram a sua trajetória política, eu colocaria, Senador Pedro Simon, a questão da ética, da honestidade, da garra, da determinação, da competência (Palmas.) como características que são do Senador Pedro Simon.

Então, eu, ao saudar a sua família, as suas irmãs, os seus filhos, a sua esposa, o seu irmão, os seus sobrinhos – toda a sua família -, quero dizer do orgulho que devem ter aqueles que têm a oportunidade, mais do que nós, de conviver com o senhor no dia-a-dia, e principalmente saber que esse exemplo que dá a todos os que fazem vida pública no nosso País é o exemplo de alguém que é pai, de alguém que é irmão, de alguém que é tio, alguém que na verdade tem o que senhor tem. Uma Vereadora assume e diz que o senhor é um patrimônio nacional; outro Vereador ocupa a tribuna – e lembro o que disse o Ver. Sebastião Melo – e diz que o senhor é uma instituição da política brasileira. Se eu pegasse o que disse o Ver. Pedro Américo Leal, o Ver. Elói Guimarães, e o que, com certeza, vão dizer os demais a ocupar esta tribuna, representando as suas Bancadas, para destacar não a sua história, não a história de um homem que foi exemplo na luta pela redemocratização, na luta pela Anistia, na luta pelas Diretas, na luta pelas transformações sociais do nosso País, mas que foi exemplo, sim, Senador Pedro Simon, como Vereador, como Deputado Estadual, como Senador, como Ministro da Agricultura, como Governador do Estado do Rio Grande do Sul, nas funções que ocupou desde Vereador, chegando ao Governo do Estado, passando pelo Ministério da Agricultura, passando pela Assembléia Legislativa nos seus vários mandatos, chegando ao Senado Federal. Vossa Excelência sempre foi exemplo.

Quero, sem me alongar, dizer que, como Governador do Rio Grande do Sul, venho a esta Sessão Solene para afirmar que o Rio Grande o aplaude, que o Rio Grande agradece o seu exemplo e o Rio Grande acredita, Senador Pedro Simon, que o senhor tem muito a dar ainda por nosso Estado e por nosso Brasil. Parabéns, Presidente João Antonio Dib, parabéns aos nossos Vereadores, parabéns a Porto Alegre por ter o Cidadão Pedro Simon com esse Título outorgado hoje, parabéns ao Rio Grande por ter Pedro Simon como um dos maiores homens públicos de toda a sua história. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agradecemos a presença do Governador Germano Rigotto. Ele realmente enriqueceu esta solenidade e tornou mais importante a homenagem prestada ao Senador Pedro Jorge Simon.

O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome do PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar, Senador, eu quero lhe dizer que todos da Bancada do PDT queriam falar, queriam ser os oradores - o Ver. Dr. Goulart, O Ver. Ervino Besson, o Ver. João Bosco Vaz; e especialmente o meu companheiro, Presidente do Metropolitano, Ver. Nereu D’Avila; mas eu tive que, aqui, baixar o centralismo democrático que eu aprendi na época, que é usar o exercício da liderança plena, porque não dava para dividir o tempo, porque o senhor conhece a turma, Senador, o senhor tem uma parcela de responsabilidade para com esse conjunto dessa geração que se forjou, Senador Tuma, porque aqui é muito difícil, em primeiro lugar um desafio, depois das intervenções que houve dos meus colegas Vereadores, depois do Governador do Estado assomar essa tribuna, aqui, minha cara Reitora Wrana Panizzi, passa a ser um desafio. Mas o desafio maior seria falar depois do Senador, porque esse ganha sempre de mão as paradas na oratória. Então, seria um grande desafio, e esse eu não vou enfrentar.

Mas, de qual Pedro nós poderíamos falar? Tem tantos Pedros, meu caro Vieira da Cunha. O Pedro homem de fé, de profunda religiosidade. O Pedro, meu caro Ponte, da construção do Rio Grande moderno, do Pólo Petroquímico, do MERCOSUL, onde ele inverteu a cabeça do mapa da América Latina, dizendo e afirmando de que o eixo era nosso. Um dia, nós vamos chegar a uma ligação com o Pacífico por aqui, não é Senador? Vossa Excelência estará lá ainda no Senado lutando por isso, não é? São tantos Pedros! O Pedro da resistência democrática, que o Ver. Sebastião Melo tão bem aqui expressou. O Pedro descobridor de talentos, e eu aqui disse que todos nós tivemos um pouco dessa trajetória do Pedro. Assim como um técnico de futebol, que é um caçador de talentos, dezenas dos Parlamentares, de Magistrados que ocupam pretórios na sua condição também de professor, de advogado, passaram pelo crivo da observação de Pedro Simon. É inegável isso. Vejam isso na vida pública, e dou alguns exemplos como o Schirmer, que estava aqui há pouco, o Britto, o Ibsen, tantos, João Carlos Brum Torres, tantos; o Zambiasi, todos passaram por ali, e eu faço esse reconhecimento aqui que para mim é muito importante e para nós, do PDT, é muito importante, porque nós temos uma história comum e implacável e ele sempre esteve - alguém aqui assinalou que em todos os momentos importantes da vida da República do Rio Grande, sobretudo da resistência democrática e no processo de reabertura - presente. Recordo-me que no dia em que nós fomos, com aqueles aviões, à Assunção, no Paraguai, eu acompanhava o Senador Pedro Simon, nos idos de 1979, da reabertura democrática, e lá, nós íamos receber o Dr. Brizola. Pernoitamos uma noite na Foz do Iguaçu e, depois, no dia seguinte, em São Borja. Lá estava o Pedro, inclusive, no Comício da Lagoa! E, pacientemente, em alguns momentos, ouvindo coisas, das quais ela tinha uma outra visão. Mas é um homem de princípios, é inegável, é um homem de conduta! Mas sempre as portas ou uma porta ficou aberta para o diálogo e para o entendimento.

Esta é a figura do Senador Pedro Simon, que alguém, também, com muita propriedade, disse que as suas contribuições são inúmeras. Assim como na ABL há imortais, na Academia, nós temos aqui os nossos imortais, Vieira: o Dr. Brizola, o Senador Pedro Simon, o Dr. Alceu Collares. São figuras, assim, que atravessam o tempo, e nós nos espelhamos na história, na trajetória republicana da nossa história, Deputado Kalil Sehbe. E a nossa história é a história toda dessas vertentes do pensamento contemporâneo político, rio-grandense e brasileiro, onde estão muito presentes essas bases de Júlio de Castilhos, que, recentemente, comemoramos o centenário do seu nascimento - figura importantíssima! - a figura de Borges de Medeiros, a redescoberta de Alberto Pasquallini, de quem o Senador Pedro Simon, aí é outro Pedro Simon! O Pedro Simon estudioso, meu caro Bachieri, estudioso, pesquisador, que sempre se encontra na vertente do pensamento social trabalhista e que resgatou a obra, na sua totalidade, daquele que esteve, também, Senador Tuma, aqui nesta Casa, como Vereador, na década de 30, Alberto Pasquallini, que também foi Vereador desta Casa! E essa trajetória, também, do ponto de vista intelectual, o Senador Pedro Simon resgatou.

Eu apenas quero lembrar aqui do PIMES, que teve, na figura do Senador Pedro Simon, um entusiasta, que buscou esse instrumento importante de realização de dezenas, de centenas de obras e investimentos para o Rio Grande, que teve no estudioso da Federação sempre ao seu lado, hoje continua Secretário do Estado, João Carlos Brum Torres, o nosso querido Caçapava.

E um detalhe, uma consideração importante: quando ele usava os recursos públicos, não procurava identificar se tal cidade, ou tal Município era de tal ou qual Partido. Exemplo disso é Porto Alegre, cidade para a qual ele repassou inúmeros recursos do PIMES, para obras que foram construídas com o aval, com a presença do Estado e com o financiamento de recursos do Estado do Rio Grande do Sul, quando Governador deste Estado. São depoimentos que nós achamos importantes.

Na época em que ele era Governador do Estado, me recordo da oportunidade - porque ele também estava preocupado com a escalada de violência em Porto Alegre e na Região Metropolitana -, nos chamou e perguntou: “O que nós podemos fazer pela segurança pública em Porto Alegre? Para diminuir esses índices assustadores de violência?” Coronel Pedro Américo Leal, esse é o homem que nós estamos homenageando.

E demorou esta Sessão Solene. A Lei e o Título já haviam sido concedidos há muitos anos, e juntos, os Títulos foram concedidos ao Senador Pedro Simon e ao Dr. Brizola. E nós fizemos aqui, hoje, para finalizar, um teste de popularidade. Esperamos dez, quinze anos para outorgar-lhe o Título. E ele continua sendo clássico, como se diz aqui, continua com Casa cheia e com esse extraordinário reconhecimento. Por isso, nós e a cidade de Porto Alegre expressamos – o meu Partido, o nosso Partido, o PDT – o nosso orgulho de participar, nessa manhã de sexta-feira, desta homenagem ao Senador Pedro Simon: lição de vida e exemplo de conduta! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, nossa saudação especial ao ex-Vereador Clóvis Brum, que nos oportuniza este momento tão importante, tão agradável e tão significativo. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero fazer uma saudação especial a nossa Deputada Jussara Cony, do Partido Comunista do Brasil, e ao nosso Presidente Municipal, Nelson Salles, que, com a sua presença, querem expressar o carinho e o respeito dos comunistas gaúchos ao nosso grande homenageado. É uma tarefa extremamente difícil, depois de tantos oradores brilhantes, e já praticamente tudo ter sido dito sobre o nosso Pedro Simon, mas nós não podíamos, em nome da Bancada do PCdoB, deixar de aqui estar. Queríamos, então, talvez relembrar uma trajetória anterior ainda à trajetória propriamente parlamentar de Pedro Simon e homenagear o jovem Pedro Simon, que já, no início da década de 40, presidiu, como liderança estudantil emergente, o Grêmio Estudantil do Colégio Rosário, que presidiu o Conselho da UGES - União Gaúcha de Estudantes Secundaristas -, que por três vezes presidiu o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da PUC, que, em 1956, presidiu a Junta Governativa da União Nacional de Estudantes, forjando-se como grande líder já nos movimentos sociais nos bancos escolares. Nossa homenagem ao advogado, ao professor universitário graduado em inúmeras universidades, pós-graduado, ao Vereador - como já foi dito - de Caxias do Sul, em 1960, que percorreu uma caminhada desde a liderança estudantil às lutas nas Câmaras Municipais, no caso de Caxias do Sul, ao Deputado por três legislaturas no nosso Estado, ao Senador da República já em 1979, ao Governador do Estado, ao Ministro da Agricultura convidado por Tancredo Neves e confirmado pelo Presidente José Sarney, ao Senador de 1991 a 1998, reeleito de 1999 a 2007, mas, mais do que tudo isso, Senador Pedro Simon, a nossa homenagem a um destemido e incansável lutador do povo gaúcho e do povo brasileiro, que, durante os vinte e um anos do Regime Militar, nunca se dobrou, seja ao arbítrio, seja às conveniências. Que simbolizou, como ninguém, a resistência do nosso povo nas escolas, nas fábricas, nos campos, nos Parlamentos, nas selvas do Araguaia, ao regime que nos amargava.

Junto com o Senador Teotônio Vilela, percorreu o País despertando a consciência nacional na campanha pela Anistia. Indicado pelo PMDB, foi um dos coordenadores nacionais da memorável campanha das Diretas Já. Partícipe ativo de todas as lutas democráticas em defesa da soberania nacional, em prol dos direitos dos trabalhadores. Homem íntegro, de posições firmes e definidas, mas sempre um homem de diálogo. Pedro Simon foi um dos principais responsáveis, também, pela implantação da Aços Finos Piratini em nosso Estado e, em especial, pela vinda do Pólo Petroquímico para o solo gaúcho. Homem público, enfim, que sempre teve, no seu horizonte, a necessidade de um projeto nacional de desenvolvimento para o nosso País; que hoje, certamente, dará a sua contribuição para que o nosso País vire a página dos infaustos anos de neoliberalismo e, com esse grande governo de unidade nacional, que é o Governo Lula, certamente construiremos um País cada vez mais soberano, democrático e justo.

Nós, os comunistas, estivemos em inúmeros momentos juntos com Pedro Simon. Mesmo quando não o fizemos, sempre mantivemos o respeito mútuo e o diálogo. A pluralidade das manifestações desta tribuna e das presenças dos mais variados Partidos e referências ideológicas atestam o reconhecimento do povo gaúcho e do povo brasileiro a sua trajetória pública.

Por isso, nos honra muito aqui estarmos, no dia de hoje, para trazer o abraço do nosso Diretório Estadual, do nosso Diretório Municipal, da nossa Deputada Jussara Cony, da nossa militância e o meu abraço particular. Certamente, Porto Alegre, a capital da participação popular e da qualidade de vida, se engrandece em recebê-lo como Cidadão Porto-Alegrense. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro as presenças, além dos oradores que se fizeram ouvir, dos Vereadores Maristela Maffei, Haroldo de Souza, Ervino Besson, Elias Vidal, Dr. Goulart, Beto Moesch, Nereu D'Avila e Cassiá Carpes.

O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu queria fazer uma referência à família do Senador, saudando, na pessoa da querida Salem Simon, toda a família, e um preito de saudade a nossa ex-Primeira-Dama Alice Simon.

Esta Sessão destina-se a homenagear um dos homens públicos da história de Porto Alegre e da contemporaneidade do nosso Estado. E é hoje Porto Alegre que acolhe como filho um dos seus mais destacados e intransigentes defensores, e quero dar meu testemunho pessoal da sua sensibilidade, da sua modéstia e da sua probidade como homem público, mas, especialmente, da sua visão de mundo voltada politicamente e exclusivamente para a defesa das classes mais sofridas, dos que têm pouco ou nenhuma renda.

O Brasil inteiro é testemunha de sua gestualística e associa essa sua capacidade pessoal à sua honestidade, a ponto de, muitas vezes, cortar na própria carne, inclusive nos governos que apóia. E ninguém se esquece da sua luta quase suicida contra a ditadura e principalmente a favor da democracia.

Na condição de superintendente do Grupo Hospitalar Conceição, onde o Sistema Único de Saúde deu certo, tive no Senador Simon um dos caminhos permanentemente abertos na busca de recursos extra-orçamentários para superação no atendimento de uma das áreas mais críticas, mais delicadas e mais constrangedoras para qualquer cidadão que pense em dignidade humana.

Vossa Excelência, e o meu relato é apenas um mínimo preito de justiça, esteve permanentemente junto com seu Estado, não nos palácios, não nas representações festivas, mas onde o barro e a poeira são apenas dois pequenos ingredientes desse doloroso quadro de opróbrio pela fome, pela miséria e pela doença. Lá esteve comigo, o nosso Senador, ora emocionado, ora indignado com o que presenciava e testemunhava nas vilas mais pobres, nos barracos, onde muitas vezes as crianças conviviam promiscuamente com animais, com o lixo urbano e com a desesperança.

Naquela ocasião, o próprio Senador já recomendava aos políticos - e como se faz necessária a reforma política, Senador -, que o seu trabalho, o trabalho dos políticos se dirigisse exatamente para as camadas mais periféricas das cidades, onde há choro e ranger de dentes, onde a exclusão social nos cobra, em cada um dos nossos cinco sentidos, a vergonha de termos brasileiros como nós sem direitos mínimos aos mais comezinhos princípios de autocuidado e inserção social na periferia da nossa Cidade. Como precisamos mudar, Senador!

E com os recursos conseguidos, direta e pessoalmente, com o então Ministro Jamil Haddad foram construídos, na Zona Norte de Porto Alegre, 13 modelares postos de saúde, por esse trabalho incansável do Dr. Carlos Grossman, que foi um exemplo ao modelo hoje adotado pelo Ministério da Saúde como Programa de Saúde da Família. Essa obra também e principalmente é sua, Senador Pedro Simon.

Em outras investidas, Vossa Excelência, além de muitas vezes proporcionar a permanente atualização dos vencimentos de 6 mil funcionários, conseguiu recursos para tecnologias de ponta, modernização invejável, que só as instituições particulares tinham à época. Destinadas para pessoas de baixa ou nenhuma renda, cineangiocoronariografia, tomografia computadorizada e recursos moderníssimos de UTI, transformaram o Grupo Hospitalar Conceição em assistência em massa de medicina individual em proporções de primeiro mundo.

Mas o que encanta esta Cidade é exatamente a sua cidadania. Vossa Excelência pode ser visto, freqüentemente, caminhando sozinho, sem seguranças, no seu bairro, na sua Igreja, como um ser humano comum.

É por isto, Senador, que hoje termina um certo concubinato seu com a Cidade. Aos poucos, a sua instalação foi-se dando quase como um posseiro; estabeleceu-se o namoro e passaram, a Cidade e seu deputado, seu governador, seu senador, a viver amorosamente, sem casar nem na Igreja, nem na lei, legitimamente, mas sem papel passado.

Note que hoje nossas ruas estão mais engalanadas pela primavera, estão mais alegres nossos passarinhos, porque hoje cantaram mais cedo. Não é por nada, apenas porque, a partir de agora, Vossa Excelência incorpora à sua personalidade a certidão de renascimento. Com uma nova cidade, é celebrado um acasalamento antigo e feliz do cidadão e sua Cidade escolhida, como diria Mário Quintana, Cidade do seu andar, deste já tão longo andar. E ela precisa, necessita de um dos seus maiores vultos políticos, cuja carreira não é só um orgulho para nós, mas uma necessidade de continuação, pois muito trabalho há pela frente.

E toda vez que voltar de Brasília, quando descer do aeroporto, perceberá uma forma diferente de sentir a Capital do seu Estado. Ela lhe abraçará com todo o afeto, com toda a gratidão e reconhecimento a um trabalho que lhe faz bem e o recebe como um especialíssimo viajante, cuja milhagem ou o pó de estradas traz de volta o infatigável afã de felicidade social. É hoje o encontro definitivo entre Porto Alegre e seu filho adotivo, como um velho cacique amado e admirado pelo seu povo. Essa é a paga maior que a vida pode oferecer a um homem público. E o Pedro Simon, o Senador, o amigo, o ser humano merece, integralmente! Post scriptum: lute, como sempre, contra o corte nas verbas da saúde! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo o orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): É chegado o momento da outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre. Senador Pedro Simon, ninguém recebe tantas homenagens sem que alguém mais, atrás de si, também tenha mérito por elas; a família é a célula mais importante da sociedade. Por isso, eu convido as irmãs do homenageado, Hilda Simon Cola e Salem Simon, para virem até a mesa e entregarem o Diploma ao irmão, representando todos os familiares. Também convido o Senador Romeu Tuma para, prestigiando a classe política, fazer a entrega da Medalha.

 

(Procede-se à entrega do Diploma de Cidadão de Porto Alegre e da Medalha.) (Palmas.)

 

Agora é chegado o grande momento.

A palavra está com o Cidadão de Porto Alegre, Senador Pedro Jorge Simon, que vai também honrar a tribuna da Casa do Povo de Porto Alegre, como fez o Governador Germano Rigotto. (Palmas.)

 

O SR. PEDRO JORGE SIMON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A vida de um homem público é cheia de altos e baixos. E como as ondas do mar, que uma hora estão subindo, outra hora estão baixando. A vida de um homem público é cheia de imprevistos. Eu sempre digo que, muitas vezes, numa mesma solenidade, a gente tem de conviver com sentimentos diferentes: a alegria e a dor. Alegria pelo fato principal, e a dor que, às vezes, a gente tem de guardar contida no sentimento e longe da opinião pública.

Eu vivo aqui, neste momento, um instante muito importante na minha vida. Era para eu estar nesta tribuna em 1958, era para eu ser Vereador em Porto Alegre e não em Caxias. Estou em Porto Alegre desde 1945, quando a minha família veio de Caxias para cá, e a minha atividade toda foi em Porto Alegre. E era para eu ser Vereador em Porto Alegre. Eu podia ter tido a honra de começar a minha vida aqui e, certamente, teria um aprendizado mais profundo, embora o meu amor e o carinho pela Câmara de Vereadores e pela minha cidade de Caxias do Sul. Os imprevistos da vida levaram-me para Caxias, para a Câmara de Vereadores e para lecionar nas universidades em Caxias do Sul.

Desde então, na trajetória da minha vida, muitas vezes estive aqui, nesta Câmara de Vereadores, em atos políticos do nosso Partido, nas mais variadas Sessões Solenes. Lembro-me de muitas delas; lembro da homenagem prestada a Luiz Carlos Prestes, aqui nesta tribuna, quando ele relembrava toda a sua história e toda a sua trajetória; lembro da homenagem prestada a Dom Vicente Scherer, indiscutivelmente um dos vultos mais significativos da história de Porto Alegre; lembro-me da homenagem prestada ao Dr. Brizola, logo que ele regressou, foi uma das primeiras manifestações públicas aqui nesta Câmara de Vereadores.

Chego aqui vindo de uma longa caminhada de alto e baixos, de uma história que faz recordar que este País é um país pelo qual muito se fez e ao qual muito se deve.

Não há dúvida nenhuma de que a história brasileira está cheia de homens públicos, de instituições que lutam e se esforçam para o Brasil ocupar o seu lugar, não há dúvida alguma. E, por isso, quando o Melo diz que não estou me aposentando, ele está dizendo a verdade. (Palmas.) Porque embora o homem, hoje, seja outro, velho, de cabelos brancos, setentão, eu sinto que longo foi o percurso caminhado. Sinto que a nossa geração, a minha geração, a qual vocês não pertencem, fez a sua parte, tentou fazer, encontrou obstáculos que apareceram, que não precisavam ter aparecido, às vezes, pela história da vida.

Se Pasqualini tivesse ganho a eleição para o Governo do Estado, talvez a história do Rio Grande fosse diferente! Se Tancredo não tivesse morrido e tivesse assumido a Presidência da República, talvez a história do Brasil fosse diferente! Se não tivesse implantado um parlamentarismo forçado, talvez a história do Brasil fosse diferente! E quando o parlamentarismo ia bem com o Dr. João Goulart, se não terminasse com o parlamentarismo e se fizesse um Governo improvisado, talvez a história do Brasil fosse diferente! Mas a história é assim.

E acho, meus irmãos, que se nós olharmos para trás verificaremos a trajetória, os caminhos que nós atravessamos, as dificuldades que nós tivemos, uns mais, outros menos. Alguns, como eu, pagando um preço caro na sua vida familiar, por mais que a gente sorria, há os espinhos permanentes encravados no meu coração. Se outros menos, se outros em postos mais avançados, se outros mais tarde quando a situação melhorou, nós somos obrigados aqui - eu falo aqui, meu querido irmão João Dib -, nós temos neste momento, olhando as fórmulas mais diferentes do nosso passado, nós temos de olhar para o nosso futuro. Nós temos de olhar para esse País e entender que chegou o momento e a hora de ele ter a sua posição no consenso nacional, de ele ter a sua posição em nível internacional; chegou o momento e a hora em que há uma compenetração no sentimento de que temos de terminar de vez com as chagas que humilham a nossa gente; nós não podemos ser um País de 30 milhões de pessoas que passam fome. Estamos pagando 140 bilhões de dólares de juros internacionais. Isso é um absurdo! Isso temos de alterar, e vamos alterar! Vamos resolver o problema da fome, vamos criar uma situação de um Brasil que cresce; hoje, está o mundo apontando, China, Índia, Brasil como os países do futuro, porque o Brasil é o País do século XXI. (Palmas.) Aqui há um grande território, aqui há um grande território num mundo de fome. Mais da metade das áreas agricultáveis do mundo, que estão em reserva, estão no Brasil. Nós temos as maiores reservas em terras agricultáveis. Com essas terras poderíamos plantar e resolver o problema de mais de metade da fome do mundo. Este século não será o século do petróleo; pode ter começado com a Guerra do Iraque, com a crise do petróleo, mas vai terminar como o século da água, porque a água vai fazer falta. (Palmas.) A água vai criar crises, a água vai criar problemas gravíssimos. E as maiores reservas de água do mundo estão no Brasil. Por isso é que a cobiça internacional olha para nós, por isso que a cobiça internacional olha para nós! E o problema número um do Brasil de hoje é a fome; o problema número dois é a Amazônia, que querem nos roubar. E temos de conservá-la nossa, como nós recebemos. (Palmas.) O Brasil que, com um pequeninho esforço, pulou de 50 milhões de toneladas e, hoje, está em 116 milhões de toneladas - e que é uma ninharia perto do que pode ser. Dentro de 10 anos, me escutem, nós estaremos produzindo 300 milhões de toneladas de grãos.

Nós, povo brasileiro, temos de nos compenetrar da nossa responsabilidade. Vivemos um momento diferente, é verdade, um Partido que ninguém imaginava, há 10 anos, que chegaria ao poder, um operário que ninguém imaginava que chegaria a Presidente da República, chegou. E temos aí a figura de um homem que saiu da sua terra - quando ele saiu de lá, em cada cem pessoas que nasciam, cada cem crianças que nasciam, quarenta morriam antes de completar um ano de idade. O pai abandona a mãe, e a mãe, com sete filhos, vem para São Paulo e é atirada num galpão com milhares de pessoas; é um homem que suporta e que tira o título de trabalhador mecânico, que cria o Sindicato e que é eleito Presidente da República. Não é por nada que o mundo inteiro olha para este líder. E o mundo inteiro olha para o que vai acontecer no Brasil. Eu tenho dito: confesso com franqueza que o que está acontecendo não é bem o que eu sonhava; confesso com franqueza que há uma interrogação entre aquele PT que a gente via vibrando, atirando pedra, quebrando vidraças, e hoje, no Governo em uma posição difícil, porque as promessas, porque a esperança - não digo nem a promessa -, as esperanças que o povo joga no Governo são tão intensas que é difícil compensar.

Mas eu acho que nós temos de ter uma grande responsabilidade, a responsabilidade de pensar no nosso Brasil, e que ele deve avançar e que tem condições de avançar. Tem condições de ir adiante, tem condições de se impor. E para isso nós temos de ser um povo unido em torno da sua sociedade. Não importa. (Palmas.) Eu tenho dito para os meus companheiros: nós não temos que nos preocupar, tristes aqueles que jogam tudo na desgraça do Governo, na desgraça do seu Lula, achando que alguma coisa vai acontecer. Se acontecer uma desgraça e se o Governo fracassasse e se saísse, não seria nenhum Partido, nenhum civil, entraria ali um esquema que não saberíamos como é que terminaria. O que fizeram com Jango, demoliram tanto, falaram tanto, desmoralizaram tanto, ridicularizaram tanto, que, quando ele caiu, não foi a UDN que chegou ao Poder; pelo contrário, a UDN nunca mais chegou no poder.

Devemos pensar no futuro deste País, e temos condições de pensar; temos que pensar em coisas concretas. Eu acho, por exemplo, que hoje Fernando Henrique lançou a tese, e o Lula está dentro dela, o Brasil tem de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Quero dizer para vocês que não acho ruim, mas para mim pouco importa. Para mim, em vez do Brasil se lançar de corpo e alma, ir lá na África e pedir voto, ir lá pedir voto para o Conselho de Segurança, o Lula tem condições de ter autoridade em nome do mundo, entrar e cobrar que se diminuam os juros dos empréstimos internacionais - que são um absurdo, um escândalo, e que temos de baixar. Essa é a grande bandeira. Nisso ele representaria o Brasil inteiro.

Imaginem os senhores, a dívida do Japão é infinitamente maior do que a dívida do Brasil. Mas, no Japão, dívida não quer dizer nada, porque eles pagam juros de 2% ao ano. Vale a pena ficar devendo. Agora, no Brasil, que paga uma dívida de 140 bilhões de dólares neste ano, é claro que é um escândalo.

O Sr. Lula pode chegar no momento em que o Papa está falando, o Presidente do Tesouro americano está dizendo que os juros pagos pelo Brasil são altos demais. O membro do Fundo Monetário Internacional do Banco Mundial diz que os juros são elevados. Baixar esses juros, fazer com que eles cheguem a um índice normal, que a tal da organização global, que se forma para dar um sentido de unidade não seja uma unidade para explorar os oprimidos, mas que o Brasil consiga uma taxa de juros que não dê tempo para respirar e para aplicar o que deixamos de pagar de juros na construção da nossa realidade.

Essa é uma tese importante. (Palmas.)

Defender a Amazônia, é uma tese importante; fazer uma caminhada pela moralização e pela ética na coisa pública, é fundamental!

Estou numa CPI, no Senado, e lá o querido amigo e Senador Tuma sabe disso, estamos numa CPI em que falam em 70 bilhões de dólares que foram para o exterior, desapareceram, e até agora ninguém foi para a cadeia.

Moralização da coisa pública, entender que estamos vivendo uma hora dramática. Uma hora dramática!

Vejam, em São Paulo já não se respeita autoridade, dão-se tiros, de dia, na chefatura de polícia, mata-se e trava-se uma guerra em São Paulo, onde o sistema de proteção e segurança é o melhor do Brasil. Pois, lá, hoje, estamos caminhando e não temos mais infratores, não temos mais ladrões, não temos mais assaltantes, temos equipes organizadas, temos é uma verdadeira tropa, onde tem político, coronel, empresário, advogado, promotor, juiz, nessa maldita organização. E se não nos dermos conta, vamos estar, daqui a pouco, como na Colômbia. Aliás, já temos territórios assim – ninguém entra na favela no Rio de Janeiro. Quem é que tem coragem de subir, sem licença, na favela do Rio de Janeiro? É terreno proibido! Pois nós temos de fazer esse controle. Combate à corrupção, moralização da coisa pública, organização, voltarmos as origens do nosso País, a organização da família, da seriedade, da integridade, da moralidade - isso é importante!

E é importante que o Governo Estadual, Federal e Municipal dêem o exemplo, punindo quem tenha de sê-lo. Isso eu tenho dito permanentemente na tribuna do Senado; e aqui está um bravo companheiro, o Senador Romeu Tuma, 1º Secretário, Corregedor, escolhido, repetido, reeleito Corregedor exatamente porque ele, pela sua dignidade, pelo seu passado, pela sua seriedade, merece o respeito e a unanimidade dos Senadores para ser o homem que fiscaliza as nossas ações, a nossa vida, para mostrar o que tem de equivocado. Isso é muito importante.

Por isso eu digo que caminho olhando para a frente. Se sou mais velho e mais cansado, meu espírito continua o mesmo, a minha garra continua a mesma e a minha vontade continua a mesma! Se a nossa geração conseguiu o que era difícil: reimplantar uma democracia, e no Brasil - que é um país diferente reimplantamos a democracia sem ódio, sem vingança, sem guerra civil, sem luta, mas com o respeito e com o entendimento, avançando, passo a passo, para que no final tivéssemos este exemplo de um País que retorna à democracia. Mas não podemos estar numa democracia de apenas dizer: está pronto. Democracia onde não há direito ao trabalho, onde não há trabalhador na fábrica, não é democracia. Democracia onde aquele que trabalha não recebe um salário que lhe dê condições para viver com dignidade, não é democracia! Democracia onde não há o respeito aos direitos individuais, onde não há o sentido e a seriedade da coisa pública, não é democracia.

A nossa caminhada, meus irmãos, tenho certeza, meu querido amigo João Dib, tenho certeza meus Vereadores, a quem agradeço, do fundo do coração, desde o companheiro Clóvis Brum e a todos os Vereadores que me honraram falando aqui; ao meu bravo irmão Governador Germano Rigotto, que está dando um exemplo de integridade, de seriedade, de convivência social no Governo do Rio Grande do Sul. Todos nós buscamos exatamente isso. É um trabalho de entendimento, é um trabalho de confraternização, é um trabalho de transformação da nossa sociedade.

Eu sinto isso, meus irmãos, sinto que apesar das novelas que estão aí, apesar de quererem valorizar alguns valores que não são os valores verdadeiros, está-se começando a sentir uma nova realidade. Eu vejo lá em Brasília uma organização de religiosos que se reúnem num ginásio, nos quatro dias de carnaval, cerca de oito mil jovens, das 7 horas da manhã até às 4 horas da madrugada. Estão ali, rezando, debatendo, discutindo os problemas da sociedade.

Então, dizer que mocidade de hoje é uma mocidade da cocaína, da droga, do roubo, do furto, não é verdade! Existem milhões de jovens que são gente de bem, são jovens índios que querem uma oportunidade e que querem uma chance. (Palmas.)

Agora, é claro que você vai ali na favela, ou vai ali debaixo da ponte, onde a mãe está de um lado, a pai está do outro, viciados; onde o filho não tem pai, não tem mãe, não tem educação, não tem orientação, não tem o que fazer, não se pode cobrar desse rapaz, dessa criança... Vê-se isso aqui em Porto Alegre, infelizmente. Em Brasília, hoje, o que mais se comenta é o Rio Grande do Sul. Parece mentira, mas de acordo com a CPI que está investigando a violência sexual contra crianças, o Estado que está mais preocupando é o Rio Grande do Sul. Os doze casos lá de Passo Fundo, as mulheres Senadoras e Deputadas que estiveram aqui e que às 2 horas da madrugada pegaram em flagrante coisas dolorosas que estão acontecendo. Isso é, realmente, algo que tem de mudar. Mas nós não podemos cobrar dessa gente, que a própria mãe - na miséria - leva a filha à prostituição, ou que por falta de pai, de mãe, de orientação, de alguma coisa, são filhas de ninguém.

Nós temos 30 milhões de brasileiros que não têm certidão de nascimento, que não têm certidão de casamento, que não têm atestado de óbito de parentes, não nasceram para o censo brasileiro, não vivem para a sociedade brasileira, não têm carteira de trabalho, não têm absolutamente nada. Esses brasileiros que estão aí integrados na nossa sociedade para - como dizia Alberto Pasqualini - para que eles possam comer, crescer, trabalhar e produzir.

Essa é a grande razão da nossa luta, meus irmãos. Nós não estamos aqui... Graças a Deus eu sei. Eu sei - meu irmão João Dib, meu bravo companheiro Mendes Ribeiro, meu bravo companheiro Sebastião Melo, meu bravo irmão Cel. Pedro Américo Leal - e posso dizer apenas o seguinte: nós, no Rio Grande do Sul, nós, aqui no nosso Estado - eu tenho convicção disso - o político no Rio Grande do Sul não é o carreirista; não é o que luta para conseguir, para crescer, para manter. No Rio Grande do Sul, nós vemos isso permanentemente, é o homem que tem um objetivo, que tem um sentido, que coloca na sua vida pública um sentido de Pátria. Nós olhamos para aqueles que nos cercam e vocês, Vereadores, mais do que ninguém, digo isso, permanentemente sabem que não há político com mais sentido de Pátria e com mais sentido de correção, com mais sentimento de alma popular do que o Vereador.

Eu, lá em Brasília, nós estamos longe do povo, nos tapetes do Palácio, onde ninguém entra. Eu disse isso, Reforma Tributária, Reforma Previdenciária, que mexem com os interesses de milhões de pessoas, principalmente, com os menos afortunados. Não entrou no meu gabinete nenhum pobre, nenhum humilde, nenhum trabalhador salário-mínimo. As grandes corporações estão lá, as grandes representações, sindicatos de Petrobrás, de Banco do Brasil, e o diabo estão lá; agora, o pobre não tem condições de chegar lá. Mas vocês, Vereadores, estão lá na vila, estão lá no bairro, estão lá conhecendo. Eles têm condições de chegar aqui. O Vereador é exatamente aquele que vive, porque o cidadão é brasileiro, sim, é gaúcho, sim, mas ele nasceu aqui.

Eu, por exemplo, agora, sou cidadão de Porto Alegre, a minha terra é aqui, aqui eu represento! (Palmas.) Aqui eu tenho a minha família, aqui eu tenho importância. E é dentro desse contexto, dentro dessa realidade que os Vereadores vivem, por isso que eles vivem mais e mais, cada dia e cada hora, eles vivem o sentimento. Para quem está fora pode parecer que a briga que está aí, há não sei quanto tempo, sobre se fecha o comércio no domingo, se abre o comércio no domingo, se abre, se fecha, pode parecer estranho, mas é que os Vereadores ouvem todo o dia 50% dizendo para fechar, 50% dizendo para abrir, porque vivem os problemas da Cidade.

E é para esses Vereadores que eu falo como irmão mais velho: vale a pena olhar para frente, vale a pena essa caminhada, porque não é uma caminhada dentro dum túnel que não tem fim. Pode ser um túnel longo, mas eu não tenho nenhuma dúvida de que nós vamos sair do outro lado. E lá, no outro lado, nós vamos encontrar o verdadeiro Brasil. O Brasil do tamanho que ele é, um Brasil verde e amarelo, um Brasil com brasileiros, em que alguns sejam muito ricos, tudo bem, sejam milionários, tudo bem, que participem de banquetes, tudo bem, que andem em carro importado, tudo bem, mas que o pobre, por mais pobre que seja, tenha um emprego, tenha a casinha onde ele possa morar, tenha condições de educar os seus filhos. Esse é o Brasil pelo qual nós lutamos, esse é o Brasil onde nós deveremos chegar!

Deus nos guarde, meus irmãos. Muito obrigado! Vamos lutar! Essa luta não é de um nem de outro, essa luta é do povo brasileiro! E aqui, nesta Câmara de Vereadores, é o que há de mais belo e mais puro e de mais justo que podemos levar! Um abraço, meus irmãos, muito obrigado, do fundo do coração! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nos encaminhamos para o final desta justa e merecida homenagem a um dos homens públicos que tem marcado a história do Rio Grande e do Brasil. Eu quero agradecer a todas as autoridades que compuseram a Mesa, quero agradecer a todos aqueles políticos, religiosos, homens da cultura que aqui compareceram, engrandecendo este ato. A Câmara é que foi homenageada também.

Aproveito a oportunidade para dizer àqueles que desejam ver o Senador Pedro Simon, hoje mais perto, que às 16h ele estará autografando na Feira do Livro. Ele me comunica que o livro é de graça.

Convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h33min.)

 

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